A Justiça - 1º Episódio: Odisseia, Canto I. O retorno do guerreiro Ulisses, herói da Guerra de Tróia, à Itaca

A Odisseia é a história do retorno de Ulisses da Guerra de Tróia à sua Itaca, para sua mulher Penélope e seu único filho Telêmaco. Foi escrita pelo poeta Homero, no final do século VIII a.C.

O longo retorno com inúmeras aventuras, dificuldades e sofrimentos amadureceram o espírito do divino Ulisses. 

No mar quase perde a vida. 

Foi-lhe prometida a imortalidade, mas ele a rejeitou. Seu desejo era retornar à casa, à sua origem. Quis manter a sua natureza de humano e mortal. 

Esta decisão demonstra o senso de realidade em relação a si e o sentimento, amor aos seus entes queridos e a responsabilidade de manter seu reino e liderar seu povo. 

Entretanto, Ulisses não conseguia voltar para casa. Os guerreiros já haviam retornado às suas cidades e seus lares. Menos Ulisses. 

A injustiça da situação impressionou Atena, filha de Zeus, que quis repará-la. 

Os deuses estavam reunidos no palácio de Zeus, pai dos deuses e dos homens. 

A Zeus, seu pai, dirigiu-se Atena, a deusa de olhos esverdeados:

               “Pai de todos nós, mais excelso dos soberanos;

               ...arde-me o espírito pelo fogoso Ulisses,  

               esse desgraçado, que longe dos amigos se atormenta

               numa ilha rodeado de ondas no umbigo do mar.”

De fato Ulisses está com Calipso, ninfa divina entre as deusas, que o retém em côncavas grutas, ansiosa para que Ulisses seja seu marido.

                “- Mas Ulisses desejoso de ver sua terra tem vontade de morrer,” diz Atena.   

                  “E o teu coração não se comove, Olimpo!”

 E Zeus responde:

                “- Como me esqueceria eu do divino Ulisses, cujo espírito supera o de qualquer outro homem e aos deuses imortais.” Acordemos aqui o seu regresso.

 E disse Atena ao pai excelso:

                “- Se agrada aos corações dos deuses bem aventurados que o sagaz Ulisses regresse a sua casa...”

E traçou um plano, do qual participaria: seu irmão Hermes, mensageiro, iria à ilha de Calipso para anunciar a ela, a vontade dos deuses: que Ulisses regresse à Itaca. A ela, Atena, caberia ir a Itaca para animar seu filho, Telêmaco, encorajando-o a procurar seu pai.

Tanto ela, como Hermes partiram para suas missões a fim de estancar a injustiça de só Ulisses não retornar a sua casa. 

Vejam-se: os deuses olímpicos eram também como os homens, conviventes. Suas naturezas assemelhavam-se: tinham os mesmos sentimentos. Sabiam discernir, sabiam conviver e, em caso de injustiça, conciliarem-se ou decidirem uma reparação.

Interferiam na vida dos humanos, na guerra e na paz. Matavam, tomavam suas mulheres, tinham ciúmes. Tinham filhos com as mortais.

Além de conviverem entre si, conviviam com os mortais.

A diferença entre a natureza dos deuses e a dos homens era só a mortalidade. Os homens são mortais. Os deuses são imortais.

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