No século XV, Gutemberg inventou a imprensa. Livros e mais livros foram editados[1] desde então. O pensamento dos filósofos, escritores, poetas, as descobertas dos cientistas e a beleza das obras de arte, estão à disposição da humanidade. Não é fantástico adormecermos lendo os escritos de Aristóteles do Século IV a.C ?[2] E Ulisses de Homero, a Eneida de Virgílio, a Divina Comédia de Dante Alighieri e, para nós brasileiros, Machado de Assis e Guimarães Rosa, abrindo as portas do congresso universal do conhecimento do Ser Humano, corpo e alma?
A distância no tempo e no espaço desaparece. Cabe a cada ser construir o seu caminho para a clareira do bosque[3] mas acompanhado pelo brilho da constelação desses seres que interpretaram a natureza e deixaram a marca de seus passos na terra que agora pisamos.
A formação do ser humano, a construção de seu entendimento, discernimento e ética, deve ser a preocupação de cada um de nós.
A civilização que se preocupou, firmemente, com a verdade e a educação do homem, de todos os pontos de vista, foi a grega[4], mais precisamente a cidade grega, Atenas, nome da deusa Palas Atenea, filha de Zeus, tão interessada na vida dos humanos, na formação de seu caráter e na realização da Justiça.[5]
O início de nosso diálogo começará ali.
Nosso destino é a convivência e as ações no mundo. E a convivência chamará a Justiça, a consciência da necessidade da harmonia entre as gentes, da bondade e da paz, terra fértil para a obtenção dos frutos generosos e o crescimento do sentimento do nosso valor e da irmandade que nos une.
Daí a necessidade de mantermos a retidão de nossa conduta e de preencher as lacunas de nossas almas, alcançando a dignidade como peregrinos de nosso universo.
[1] Castro Alves in “Espumas Flutuantes”, “O livro e a América”, Ateliê Editorial, 1997.
[2] Aristóteles in “A Ética a Nicômacos”, Editora UnB, 2001.
[3] Martin Heidegger in “Caminhos do bosque”, Alianza Universidad, 1995.
[4] Werner Jaeger in “Paidéia, a formação do homem grego”, Martins Fontes Editora, 1989.
[5] Homero in “Odisseia”, Canto I, Telemaquia, Companhia das Letras Penguin, 2011.