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As Pinturas de Rafaello Sanzio: “Quatro Tondi”

As Pinturas de Rafaello Sanzio: “Quatro Tondi”, que identificam o trabalho aqui realizado.

Há muitos anos comprei numa loja que enquadrava pinturas as “Quatro Tondi”, gravuras, cópias das autênticas e belíssimas criadas por Raffaello Sanzio que se encontram no teto da Stanza della Segnatura na Capela Sistina, em Roma.

São elas a Filosofia, a Justiça, a Poética e a Teologia, pontos cardeais que prefiro chamar de pontos de partida dos caminhos que dignificam o homem.

Coloquei-as visíveis em minha casa, para conviver com elas. 

Pouco a pouco, embora parecessem imóveis nas suas quadraturas, comecei a perceber nelas, a força da mobilidade e, em nós, a contínua mobilidade de nossas mentes, de nossos corpos, em um mundo aberto para se entrar e sair, procurando a justa medida de nossas ações.

1) A Filosofia

A Filosofia é uma atividade humana.

O ser humano tem consciência do seu pensar. Estuda o saber, o perfeito conhecimento das coisas que o homem pode conhecer e criar. É a ciência da relação de todo conhecimento com a sua natureza racional.

Para Platão a filosofia é um procedimento que permite distinguir o verdadeiro do falso, mostrando as coisas que podem combinar-se entre si e aquelas que não podem combinar-se (Sof. 252 d-e).[1]

Para Kant, os resultados da Filosofia devem ser provados no domínio moral e político, isto é, no campo das relações humanas, em geral, e devem constituir em tal campo, um instrumento de progresso.

Como o homem pensa, sobre o que o homem pensa, com que finalidade pensa, o que indaga, o que almeja, todas essas questões são objeto da Filosofia.

2) A Justiça

O destino do homem é a convivência. Onde houver dois seres humanos aí haverá a Justiça.

Sempre será necessário ajustar as situações entre os homens. O justo, o reto, tratará dessas relações.

A Justiça provém, pois, da convivência necessária dos homens. Rude no início, foi construída na medida da experiência das ações humanas no tempo, nesses quase 3 mil anos que deixaram suas memórias, atingindo sua maioridade nesses 300 anos, quanto ao “poder” e “liberdade pessoal” do homem.

A deusa grega Diké é aqui representada segurando com a mão esquerda uma balança para ponderar, pesar as ações dos contendores e, com a mão direita uma espada levantada, significativa da força. Não há Direito sem força.

3) A Poética 

A Poética é a expressão do sentimento e da consciência do ser humano, revelado na linguagem, com ritmo e beleza. Haverá não só a individualidade do poeta, mas a universalidade da condição humana por ele captada e traduzida de forma bela, tocante e precisa.

No início, na Grécia, era recitada, acompanhada de música, tocada pelo “aedo” em instrumentos de corda dedilhados, como a harpa, a lira e a cítara. As formas de poesia, então, eram a épica e a tragédia. A épica, a história de um povo, a tragédia, a história reveladora dos excessos das paixões que levavam à morte.

É a construção da narrativa necessária à excelência e beleza da criação poética[2].

A figura da Poética tem, do seu lado direito, um anjinho carregando a palavra NUMINE-DIVINO e do seu lado esquerdo outro anjinho, carregando a palavra AFFLATUR-ASSOPRADO – significando SOPRO DIVINO ou INSPIRAÇÃO DIVINA. 

4) Teologia

A Teologia é o estudo que tem por indagação Deus, sua natureza e as suas relações com o homem e o universo.

Em geral é indicativa da Verdade Revelada, embora tenha havido distinção entre Teologia Mítica, Teologia Natural ou física dos filósofos ou Teologia Civil, da qual se utilizam os sacerdotes para indicar aos cidadãos como praticar a religião. Na Idade Média as virtudes Teológicas, a Fé, a Esperança e a Caridade, eram consideradas dependentes de dons divinos, adquirindo caráter sobrenatural em relação às virtudes éticas.

A Teologia tem do seu lado direito um anjinho carregando a palavra DIVINARRER e do lado esquerdo a palavra NOTITIA, significando a NOTÍCIA DIVINA ou NOTÍCIA REVELADA.  

Vamos juntos enfrentar essa aventura. 

 

[1] Nicola Abbagnano, “Dicionário de Filosofia”, Editora Mestre Jou, SP – 1962, p.433.

[2] Aristótedes, “Poética”, Edipro, São Paulo, 2011, tradução de Edson Bini.

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